Pacheco deixa presidência do Senado próximo de Lula e cotado para ministro

Caio Tomahawk


Rodrigo Pacheco se despede da presidência do Senado com prestígio político em alta e futuro indefinido. Após quatro anos à frente da Casa, ele encerra seu segundo mandato no cargo neste sábado e deixa uma relação fortalecida com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já manifestou interesse em vê-lo como candidato ao governo de Minas Gerais em 2026. Além disso, o nome do senador também aparece como cotado para assumir um ministério no governo federal nos próximos meses, o que pode consolidar ainda mais sua proximidade com o Planalto.

Durante sua gestão, Pacheco se destacou pela postura equilibrada entre os poderes e pelo diálogo com diferentes setores políticos. Inicialmente eleito presidente do Senado em 2021, ainda no governo de Jair Bolsonaro, ele foi reeleito para o cargo em 2023 com o apoio do senador Davi Alcolumbre, seu principal articulador nos bastidores. Ao longo dos últimos anos, Pacheco consolidou uma posição de liderança no Congresso, sendo responsável por pautar projetos importantes, como a renegociação das dívidas dos estados e a regulamentação da inteligência artificial.

Nos últimos meses, sua aproximação com Lula ficou evidente. O senador acompanhou o presidente em viagens internacionais para a Assembleia Geral da ONU e a COP28, além de ter elogiado publicamente medidas do governo federal, como a concessão da BR-381/MG e a sanção da renegociação das dívidas estaduais. Lula, por sua vez, não esconde seu desejo de ver Pacheco disputando o governo mineiro, uma estratégia que pode fortalecer a base petista no estado.

Além do Executivo, Pacheco também teve um papel relevante na relação entre o Senado e o Judiciário. Durante seu mandato, ele foi pressionado por setores da oposição a pautar pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal, mas resistiu às investidas e afirmou que as tentativas eram apenas manifestações para engajamento nas redes sociais. Sua postura garantiu o apoio de ministros da Corte e reforçou a imagem de um político moderado e pragmático.

Apesar do prestígio, Pacheco também enfrentou polêmicas. Entre seus projetos mais controversos está a Proposta de Emenda à Constituição das Drogas, que criminaliza a posse de qualquer quantidade de entorpecentes e gerou grande debate no Congresso e na sociedade. Outro tema sensível foi a chamada PEC do Quinquênio, que previa benefícios salariais para membros do Judiciário e do Ministério Público em um momento de contenção de gastos públicos. O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, mas não avançou no plenário do Senado.

Com o fim de sua gestão, o futuro político de Pacheco segue aberto. Ele tem mandato de senador até 2026 e pode disputar o governo de Minas, cargo para o qual Lula já o apontou como favorito. No entanto, uma ida para um ministério no governo federal é uma possibilidade concreta, especialmente nas pastas do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ou até mesmo da Justiça. Seu sucessor na presidência do Senado deve ser definido nos próximos dias, com Davi Alcolumbre despontando como favorito na disputa.

Independentemente do caminho escolhido, Pacheco encerra seu ciclo à frente do Senado com uma trajetória marcada por equilíbrio político, articulação e a construção de alianças estratégicas que podem definir os próximos passos de sua carreira pública.

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