O aumento dos preços dos alimentos no Brasil é um reflexo de uma série de fatores econômicos, e um dos elementos que tem chamado atenção é o impacto da elevação dos custos das embalagens plásticas, que tem pressionado ainda mais os valores praticados no mercado. Esse aumento foi consequência do reajuste na alíquota de importação de resinas plásticas, que passou de 12% para 20% no ano passado, impactando diretamente a produção das embalagens usadas em uma enorme variedade de produtos alimentícios.
José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), alertou que as embalagens plásticas representam uma fatia significativa dos custos de produção dos alimentos, podendo chegar a até 25% do preço final. Ele também ressaltou que as embalagens plásticas estão presentes em quase todos os itens da cesta básica e são utilizadas em cerca de 65% dos produtos alimentícios e bebidas. Segundo o presidente da associação, o aumento nas alíquotas das resinas plásticas, somado ao impacto da inflação, tem gerado um repasse de custos que se reflete diretamente nos preços dos alimentos para o consumidor.
A medida adotada pelo governo brasileiro para elevar a alíquota de importação de resinas plásticas foi tomada em um contexto econômico complicado, com o Brasil enfrentando desafios fiscais e um câmbio desfavorável. Dados da Abiplast indicam que a média mundial da alíquota de importação de resinas plásticas é de 6,5%, o que coloca o Brasil em uma posição de desvantagem, já que o custo das embalagens por aqui é consideravelmente mais alto, influenciando o aumento nos preços dos alimentos e outros produtos. O aumento de 12% para 20%, ocorrido em novembro do ano passado, não só eleva o custo de produção, mas também expõe a cadeia produtiva a um cenário de pressões inflacionárias, que acabam sendo transferidas para o consumidor final.
Essa relação entre o aumento do custo das embalagens plásticas e o encarecimento dos alimentos vem sendo observada desde que o governo iniciou a elevação das alíquotas ainda no começo do atual mandato de Lula. A cada ajuste no custo das resinas, o impacto na produção e, consequentemente, nos preços finais dos produtos é imediato. O efeito dessa elevação se reflete em uma inflação mais alta, que, no caso dos alimentos, tem sido uma preocupação central para a economia brasileira.
Além disso, o governo tem tentado encontrar soluções para combater a alta nos preços dos alimentos, que se tornou um dos maiores desafios econômicos do país. O aumento dos preços é uma combinação de vários fatores, incluindo a alta demanda e os efeitos do câmbio, que desvalorizou 27% em relação ao dólar em 2024. A crise fiscal, aliada ao aumento dos gastos públicos, tem pressionado ainda mais a economia, fazendo com que os preços continuem a subir.
O governo já discutiu várias alternativas para tentar amenizar a inflação dos alimentos, uma delas seria a redução da alíquota de importação de alguns produtos alimentícios. No entanto, essa medida, embora possa reduzir os preços no curto prazo, não tem efeito imediato e gera preocupações sobre as finanças públicas. Renunciar a receitas fiscais para tentar controlar a inflação pode afetar ainda mais o equilíbrio das contas do governo, um fator que precisa ser cuidadosamente analisado para evitar consequências econômicas mais graves.
Na última semana, os ministros do governo se reuniram com diferentes setores da economia para buscar uma solução para o problema, mas não há expectativas de que essas reuniões resultem em medidas eficazes que não causem mais desconfiança no mercado. O desafio de reduzir a inflação dos alimentos sem agravar ainda mais a situação fiscal do país é uma tarefa complexa. Além disso, qualquer tentativa de intervenção no mercado deve ser feita com cautela, pois ações precipitadas podem gerar um efeito contrário, piorando ainda mais a percepção dos agentes econômicos e a situação financeira do Brasil.
Enquanto o governo busca alternativas, o impacto das altas nas embalagens plásticas e o aumento dos custos de produção continuam a refletir nos preços dos alimentos, criando uma situação difícil para consumidores e empresários. A expectativa é que as discussões sobre a inflação dos alimentos continuem nas próximas semanas, com a esperança de encontrar soluções que possam, de fato, aliviar a pressão sobre os preços e restabelecer a confiança no mercado. No entanto, as incertezas permanecem, e o caminho para controlar a inflação no Brasil ainda parece ser longo e cheio de desafios.