De acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo, o resultado foi alcançado sem descumprir nenhuma das obrigações financeiras do setor público nacional, diferentemente de outros períodos superavitários registrados na história recente do país. Caputo comemorou o feito em uma publicação na rede social X, destacando que a conquista deve ser vista como um ponto de virada na gestão das finanças públicas argentinas.
Além do superávit financeiro, o governo argentino também conseguiu reduzir a dívida flutuante em termos reais, registrando uma queda de 52% em relação aos valores de 2023. O Ministério da Economia atribuiu o desempenho positivo a medidas de racionalização de gastos e à reestruturação de empresas públicas, que apresentaram o primeiro saldo operacional positivo desde 2009. Também foi destaque a extinção de 19 fundos fiduciários, o que, segundo o governo, aumentou a eficiência no uso dos recursos públicos.
No entanto, apesar do saldo anual positivo, os números de dezembro apresentaram um déficit fiscal primário de 1,3 trilhão de pesos e um déficit financeiro de 1,56 trilhão de pesos. Caputo explicou que o mês de dezembro é tradicionalmente marcado por altos níveis de gastos do governo, mas enfatizou que o déficit financeiro registrado foi menor, mesmo em termos nominais, que o de dezembro de 2023. Ajustado pela inflação, a redução no déficit mensal chegou a 70%.
O desempenho fiscal de dezembro também foi impactado pelo pagamento líquido de juros da dívida pública, um reflexo das obrigações financeiras acumuladas ao longo dos últimos anos. Ainda assim, o saldo final de 2024 reflete uma significativa melhora na administração das contas públicas, com avanços estruturais que devem sustentar a recuperação econômica do país.
A notícia do superávit financeiro foi recebida com otimismo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que recentemente destacou que a economia argentina está se recuperando "fortemente". O FMI também apontou uma desaceleração significativa da inflação no país, que caiu 94 pontos ao longo de 2024, encerrando o ano em 118%. Embora o índice ainda seja elevado, representa uma melhoria notável em comparação com os anos anteriores.
O governo do presidente Javier Milei tem implementado uma série de reformas econômicas para estabilizar o país e atrair investimentos. Entre as medidas adotadas, destaca-se a privatização da estatal Impsa, que foi transferida para um grupo dos Estados Unidos, marcando a primeira privatização da gestão Milei. Essas políticas, embora controversas, têm sido elogiadas por setores do mercado financeiro por promoverem um ambiente mais favorável à competitividade.
Especialistas econômicos apontam que o superávit financeiro de 2024 é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a contenção de gastos públicos, reformas estruturais e o controle da dívida pública. No entanto, muitos alertam que a sustentabilidade desse desempenho dependerá da continuidade das reformas e de uma gestão fiscal rigorosa nos próximos anos.
A recuperação econômica da Argentina é um reflexo de esforços concentrados em áreas como estabilização macroeconômica, modernização da administração pública e abertura ao capital estrangeiro. O governo argentino acredita que essas medidas são cruciais para enfrentar os desafios econômicos do país, incluindo a alta dívida externa, a inflação persistente e a necessidade de gerar crescimento sustentável.
Embora o cenário econômico esteja mais positivo, o governo ainda enfrenta desafios significativos. A confiança dos investidores e da população nas políticas econômicas será crucial para garantir que os avanços obtidos em 2024 se consolidem e se traduzam em benefícios reais para a sociedade argentina.
O superávit financeiro alcançado no ano passado pode ser visto como um símbolo de resiliência e adaptação às adversidades econômicas, mas o caminho para uma recuperação plena ainda exige trabalho árduo e comprometimento com reformas estruturais de longo prazo.