Malafaia acusou o presidente da Câmara de mentir ao justificar sua posição alegando que a urgência no projeto geraria um “tensionamento entre os Poderes da República”. Segundo o pastor, essa justificativa não passa de uma falácia, pois, de acordo com ele, o projeto da anistia é da competência do Congresso Nacional, não pertencendo ao Supremo Tribunal Federal (STF) nem ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele está enganando o povo brasileiro", afirmou o líder evangélico.
Além disso, Malafaia trouxe à tona um assunto polêmico que envolve Hugo Motta: a pauta de urgência de quatro projetos de interesse do Judiciário, que, segundo o pastor, não passaram pelos processos normais e não receberam assinaturas dos líderes parlamentares. O pastor citou os números dos projetos – PL 769/2024, PL 4303/2024, PL 1/2025 e PL 2/2025 – e alegou que eles foram pautados sem o devido procedimento regimental, algo que, para ele, configura uma irregularidade grave.
A crítica de Malafaia foi ainda mais intensa ao sugerir que o comportamento de Hugo Motta estaria relacionado a uma tentativa de se proteger, já que o presidente da Câmara enfrenta investigações da Polícia Federal. As apurações envolvem possíveis irregularidades em contratos de licitação e desvios de recursos federais no município de Patos, na Paraíba, onde o prefeito é o pai de Motta, Nabor Wandelery. Para o pastor, Motta estaria agindo com o intuito de evitar maiores complicações políticas e judiciais, uma vez que essas investigações podem ter consequências sérias para sua imagem e carreira política.
A gravação de Silas Malafaia rapidamente gerou repercussão nas redes sociais, com diversos apoiadores do projeto da anistia e de Bolsonaro manifestando apoio às declarações do pastor. O projeto da anistia visa conceder perdão a pessoas que participaram dos atos de 8 de janeiro, no contexto das invasões aos prédios dos Três Poderes em Brasília. Para Malafaia e outros líderes religiosos, a aprovação dessa lei representa uma maneira de restaurar a justiça e corrigir o que consideram erros cometidos durante o período pós-eleitoral.
Malafaia também se referiu ao presidente da Câmara como alguém que estaria jogando “sujo” ao agir dessa forma. A acusação de um possível jogo político envolvendo investigações da Polícia Federal contribui para um cenário ainda mais polarizado na política brasileira, com diversos atores políticos envolvidos diretamente nas discussões sobre a anistia e os limites do poder legislativo, judiciário e executivo.
Enquanto isso, a agenda da Câmara segue sem uma definição clara sobre a votação da urgência para o Projeto de Lei da Anistia. Diversos parlamentares, principalmente os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, têm pressionado para que o tema seja discutido de forma mais célere. A posição contrária de Hugo Motta tem sido vista como um obstáculo, e a falta de avanços nesse sentido tem gerado frustração em grupos que defendem a aprovação do projeto.
Por outro lado, alguns críticos da anistia apontam que a aprovação de tal lei poderia representar um retrocesso democrático, alimentando o discurso de impunidade para os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro. A discussão sobre o projeto tem mobilizado tanto a classe política quanto a sociedade civil, com manifestações públicas, debates acalorados e a polarização aumentando à medida que novos posicionamentos são apresentados por figuras políticas relevantes.
A articulação de Malafaia em torno da anistia e as críticas ao presidente da Câmara se inserem em um cenário de intensas disputas políticas no Brasil, onde a relação entre os diferentes poderes tem sido frequentemente questionada. Enquanto isso, a busca por uma solução para o impasse continua a dividir opiniões e a gerar novas tensões no âmbito legislativo e nas redes sociais.
O debate sobre a anistia, portanto, segue sendo um dos temas centrais na política brasileira, com aliados e opositores se preparando para a continuidade das discussões nos próximos dias, enquanto a pressão por uma solução se intensifica. A posição de Hugo Motta e as ações de Silas Malafaia são apenas a ponta de um iceberg de um debate mais amplo, que provavelmente continuará a impactar o cenário político do país.