Os advogados do general alegavam que o conteúdo que deveria ser revisado era massivo: 70 gigabytes de dados e mais de 1.400 arquivos. Para a defesa, esse material exigiria tempo extra para ser analisado de forma adequada, especialmente no contexto de uma investigação de grande envergadura, que envolve a alegada participação de Braga Netto em uma trama golpista. A solicitação de prorrogação foi feita em duas ocasiões, mas o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, manteve a decisão de não estender o prazo, algo que gerou um impasse com os advogados do general.
A alegação de que os advogados não tiveram acesso integral à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, também pesa na defesa de Braga Netto. Segundo os advogados, a ausência da totalidade do conteúdo da delação comprometeria a construção de uma defesa robusta, o que, em seu entendimento, poderia prejudicar o contraditório. Para os defensores do general, a única alternativa seria aguardar o posicionamento dos advogados de Mauro Cid para que pudessem construir uma defesa mais sólida, o que, segundo eles, daria maior equilíbrio ao processo. No entanto, o STF se manteve inflexível em relação ao prazo de 15 dias, um posicionamento que reflete a tensão crescente em torno do caso.
O parecer de Paulo Gonet, procurador-geral da República, foi crucial para selar o destino da solicitação da defesa de Braga Netto. Gonet reforçou que não há respaldo legal para o pedido de extensão do prazo e endossou as decisões anteriores de Moraes, indicando que a ampliação do prazo processual não seria aceitável dentro das normas legais atuais. O procurador-geral foi claro ao afirmar que o agravo regimental apresentado pela defesa de Braga Netto não deveria ser acolhido, o que praticamente elimina qualquer chance de reconsideração por parte do STF.
Essa postura inflexível da Procuradoria-Geral da República coloca os advogados do general em uma posição delicada. A defesa de Braga Netto continua a argumentar que a denúncia contra o general é “fantasiosa” e sem fundamento, mas o curto prazo para análise dos documentos e a falta de acesso a informações essenciais podem dificultar a estratégia jurídica adotada. Com o parecer da PGR em mãos, a defesa do general agora se vê em um cenário desafiador, sem muito espaço para manobras ou ajustes significativos.
Agora, a expectativa recai sobre os próximos passos da defesa, que, diante do prazo já expirado, terá que apresentar sua manifestação ao STF. Resta saber se o Supremo levará em consideração os argumentos da defesa ou se a decisão será pela continuidade do processo de forma acelerada. A negativa quanto à ampliação do prazo pode acelerar o andamento do caso, com novas deliberações e possíveis consequências para o futuro jurídico de Braga Netto.
Outro fator importante a ser observado é o papel da delação de Mauro Cid. Sua colaboração continua sendo um ponto central na investigação, com implicações diretas na condução do caso. A forma como a delação será utilizada pelos investigadores e pela defesa de Braga Netto pode ser determinante para a evolução do processo e para as decisões subsequentes do STF.
O Brasil segue acompanhando atentamente cada movimentação nesse caso, que se tornou um dos mais emblemáticos da política e do direito no país. A decisão da Procuradoria-Geral da República e a postura firme do STF podem acelerar ainda mais os desdobramentos, com a possibilidade de que novos capítulos ainda mais complexos venham à tona nas próximas semanas. A batalha jurídica está longe de chegar ao fim, e cada passo dado por ambas as partes pode influenciar significativamente o futuro político do país.