A maior parte dos recursos do governo Lula foi destinada ao pagamento de diárias e hospedagens, que somaram cerca de R$ 3 bilhões. Essas despesas incluem os custos com viagens de autoridades, ministros, assessores e outras equipes que acompanham o presidente em suas viagens, tanto no Brasil quanto no exterior. O levantamento da CGU mostra um aumento expressivo nas despesas de viagem a partir de 2023, o que tem gerado discussões sobre o impacto desse crescimento nas finanças públicas.
Ao longo da gestão de Bolsonaro, os gastos com viagens variaram de forma significativa. Em 2019, os custos chegaram a R$ 1,26 bilhão, enquanto em 2020, devido à pandemia da Covid-19, houve uma queda drástica, com apenas R$ 544,5 milhões em despesas. Já em 2021, o valor aumentou para R$ 790 milhões, e em 2022, último ano do governo Bolsonaro, os gastos atingiram R$ 1,54 bilhão, totalizando R$ 4,15 bilhões ao longo de todo o período. Esses números foram fortemente influenciados pela pandemia, que reduziu drasticamente as viagens oficiais.
Em contraste, os gastos com viagens no governo Lula têm sido mais elevados desde o início de sua administração. Em 2023, o governo gastou R$ 2,27 bilhões com viagens, enquanto em 2024 esse valor foi de R$ 2,23 bilhões. Nos dois primeiros meses de 2025, os custos já chegaram a R$ 79 milhões, o que indica que as despesas podem seguir em alta no restante do ano. Esse ritmo de crescimento das despesas com viagens oficiais tem gerado críticas, uma vez que a média anual dos gastos no governo Lula tem sido quase o dobro da registrada no governo Bolsonaro, desconsiderando os anos afetados pela pandemia.
Embora o governo Lula tenha apresentado um aumento substancial nos gastos com viagens, é relevante destacar que a pandemia impactou diretamente a gestão de Bolsonaro, com a restrição de viagens tanto nacionais quanto internacionais. Mesmo assim, o governo Lula tem mantido um ritmo de gastos superior ao de seu antecessor, o que levanta questionamentos sobre o planejamento e a necessidade dessas despesas. A Controladoria-Geral da União, responsável pela coleta desses dados, tem sido pressionada a fornecer explicações mais detalhadas sobre os critérios para o aumento dos custos, especialmente em um momento de restrições orçamentárias e de elevado endividamento público.
Especialistas apontam que a gestão de Lula precisa revisar sua política de viagens oficiais para garantir maior transparência e controle sobre os recursos públicos. A situação atual reflete um cenário de crescente insatisfação popular com os gastos do governo, que são vistos por muitos como excessivos, sobretudo diante das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país. Há um consenso crescente de que o governo precisa justificar esses gastos e adotar medidas para evitar que as viagens oficiais se tornem um símbolo de desperdício de recursos públicos.
O aumento dos gastos com viagens oficiais não ocorre isoladamente. Em paralelo, outros escândalos de corrupção e práticas ilegais, como o caso de rachadinha envolvendo o deputado André Janones, têm sido temas de destaque na mídia. Esse caso, por exemplo, mostra a complexidade da gestão pública e a necessidade de maior fiscalização nas despesas dos políticos e de suas equipes. Janones, que firmou um acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para devolver R$ 131,5 mil relacionados ao esquema de rachadinha, também se comprometeu a não realizar mais tais práticas e a ressarcir os valores aos cofres públicos.
Esse tipo de situação só reforça a demanda por maior transparência na utilização dos recursos públicos, especialmente quando se trata de gastos que envolvem viagens de alto custo e outras despesas relacionadas. As críticas a Lula, em relação aos gastos com viagens, refletem um clima de crescente desconfiança por parte da população, que exige uma gestão mais responsável e eficiente dos recursos públicos. A expectativa é que o governo tome medidas para equilibrar as necessidades de sua agenda externa e interna com a realidade econômica do país, sem comprometer o bom uso do dinheiro dos contribuintes.
Com o crescimento das despesas, é de se esperar que o governo Lula enfrente mais desafios no sentido de explicar e justificar os elevados gastos com viagens, buscando equilibrar as necessidades do governo com a pressão por uma administração mais austera e menos dispendiosa. O próximo ano será crucial para avaliar se as despesas com viagens continuarão a crescer ou se o governo adotará estratégias para reduzir esses custos.