O ministro Flávio Dino, do STF, se manifestou nesta sexta-feira, 23 de março de 2025, acompanhando o voto do relator, ministro Gilmar Mendes, e também os votos da ministra Cármen Lúcia e do ministro Alexandre de Moraes, que já haviam se posicionado favoravelmente pela condenação de Zambelli. Todos os ministros que se manifestaram até agora votaram pela culpabilidade da deputada pelos crimes que cometeu, o que coloca o placar do julgamento em 4×0.
A acusação contra Zambelli remonta a agosto de 2023, quando o STF a tornou ré por um episódio ocorrido durante a campanha presidencial de 2022, mais precisamente na véspera do segundo turno das eleições. Nesse dia, a deputada perseguiu, armada, um homem negro em um dos bairros mais nobres de São Paulo, os Jardins. O incidente foi registrado por câmeras e rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerando grande repercussão pública. Zambelli alegou na ocasião que foi alvo de uma tentativa de intimidação por um grupo de homens, afirmando que um deles a teria empurrado, o que a levou a sacar a arma e apontá-la na direção do grupo, alegando ter agido em legítima defesa até a chegada da polícia.
No entanto, as imagens do ocorrido e as investigações realizadas pelo STF contradizem essa versão dos fatos. O caso gerou uma série de discussões sobre os limites da ação de parlamentares, a posse de armas e os direitos dos cidadãos em situações de confronto. Além disso, a reação pública a esse episódio foi polarizada, com muitos defendendo a punição de Zambelli, enquanto outros, principalmente de seu partido, o PL, consideram que a parlamentar foi injustiçada e agiu dentro dos limites da lei.
No julgamento, o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, propôs uma pena de 5 anos e 3 meses de prisão para Zambelli, caso a maioria dos ministros concorde com sua condenação. O voto de Gilmar Mendes foi seguido por Flávio Dino, que argumentou que a conduta da deputada, ao empunhar a arma e perseguir o homem nas ruas de São Paulo, foi extremamente grave, caracterizando não apenas um crime de porte ilegal de arma, mas também um constrangimento ilegal ao sujeito envolvido na situação. Dino também ressaltou que, além da pena de prisão, Zambelli poderia enfrentar a perda de seu cargo e de sua função pública, uma consequência ainda mais significativa para uma parlamentar no exercício de seu mandato.
O julgamento segue em andamento, com outros ministros ainda sendo esperados para registrar seus votos. Caso pelo menos dois ministros se juntem à maioria formada até o momento, a condenação será confirmada, e Zambelli será penalizada pelos crimes. Se, por outro lado, o placar se inverter e a deputada for absolvida, o processo será arquivado, o que representaria uma vitória importante para sua defesa.
Este julgamento é considerado um dos mais emblemáticos da atual composição do STF, dada a relevância política e social do caso. Além disso, está inserido em um contexto maior de debates sobre segurança pública, o uso de armas por civis e figuras públicas, e a accountability de políticos em relação às suas ações fora do ambiente legislativo.
A expectativa agora é sobre os próximos votos dos ministros, que podem consolidar a tendência de condenação ou mudar a direção do julgamento. Enquanto isso, o caso continua a repercutir nas redes sociais e nos meios de comunicação, com manifestações a favor e contra a parlamentar, refletindo a polarização política que marca o cenário atual no Brasil.
O julgamento de Zambelli é mais uma etapa no longo processo de análise das ações de figuras públicas e suas responsabilidades perante a lei, e o STF tem sido o palco de decisões que impactam diretamente a política e a sociedade brasileira. O desfecho do caso deve ocorrer até sexta-feira, 28 de março, quando todos os votos deverão ser registrados oficialmente.