Em sua fala, Bolsonaro mencionou o tempo que a Polícia Federal (PF) demorou para investigar o caso, comparando-o com o longo período de investigações relacionadas ao inquérito das fake news, que segundo ele duraram seis anos. “A PF ficou mais de dois anos investigando. Se for contar o inquérito mãe das fake news, que está lá no pacotão também, ficaram seis anos investigando. Deram 15 dias para razões de defesa, incluindo carnaval. Tem mais de cem mil páginas”, afirmou Bolsonaro. O ex-presidente sugeriu que a agilidade do processo contra ele contrasta com a lentidão de outros processos, especialmente o Mensalão, que teve seu início em 2005 e só foi julgado em 2012, após sete anos de investigações e trâmite judicial.
Em seguida, Bolsonaro apresentou uma imagem comparando seu caso com o processo do Mensalão, destacando as datas. O processo que o envolve começou com a denúncia em novembro de 2024 e, em março de 2025, está prestes a ser analisado pelo STF. A comparação visava demonstrar a rapidez do julgamento de sua causa, um contraste com o que, segundo ele, seria uma demora nos casos anteriores.
O julgamento de Bolsonaro foi agendado para os dias 25 e 26 de março, conforme determinado pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF. A decisão foi tomada após o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, liberar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) para o julgamento. Essa rapidez foi vista por Bolsonaro como algo suspeito e como uma tentativa de prejudicar sua candidatura nas eleições presidenciais de 2026. O ex-presidente utilizou suas redes sociais para questionar a rapidez do julgamento, destacando que o processo estava sendo conduzido de maneira acelerada, justamente quando ele aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.
Bolsonaro também fez uma comparação entre seu caso e o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi julgado e preso durante a Operação Lava Jato. O ex-presidente mencionou que tanto Lula quanto ele enfrentam processos judiciais que passaram por diferentes instâncias, mas ressaltou uma mudança recente no entendimento do Supremo em relação ao foro do julgamento. "Primeira coisa, o Lula foi julgado onde? Na 13ª Vara de Curitiba. É o meu caso. Tanto é que agora, semana passada, o Supremo mudou o entendimento disso", afirmou. A crítica de Bolsonaro estava voltada para o que ele considerava uma inconsistência na forma como o Judiciário tratava diferentes figuras políticas.
Ao longo da entrevista, o ex-presidente reforçou sua posição de que buscava apenas o cumprimento do devido processo legal. "Eu quero o devido processo legal, só isso", disse Bolsonaro, deixando claro seu descontentamento com o tratamento que, segundo ele, estava recebendo. Para ele, o Judiciário deveria agir com imparcialidade e garantir que todos os processos seguissem o mesmo ritmo e as mesmas normas, independentemente da posição política ou do nome envolvido.
A crítica de Bolsonaro à velocidade do julgamento ocorre em um momento delicado para o ex-presidente, que se vê cada vez mais pressionado por uma série de processos e investigações. Além do caso que será julgado em breve, ele ainda enfrenta outras acusações que podem afetar sua imagem e sua popularidade. A polarização política e o cenário de pré-campanha para as eleições de 2026 têm tornado o ambiente ainda mais tenso, com cada movimento judicial sendo amplamente observado e comentado nas redes sociais e pela imprensa.
A comparação entre os processos de Bolsonaro e Lula também reflete a tensão política entre as duas figuras. O ex-presidente, que mantém uma base de apoio considerável, parece usar essa situação para reforçar sua narrativa de perseguição política e de um sistema judiciário que, segundo ele, age de forma seletiva. Por outro lado, os opositores de Bolsonaro afirmam que ele precisa responder pelos atos cometidos durante seu governo, especialmente em relação aos eventos pós-eleitorais de 2022, que envolvem alegações de tentativa de golpe.
Em resumo, Bolsonaro está usando a comparação com o Mensalão e as críticas à rapidez do julgamento no STF como uma estratégia para aumentar sua base de apoio, destacando o que considera um tratamento desigual do Judiciário. O processo que está sendo julgado nos próximos dias é apenas mais um capítulo de uma longa disputa política e jurídica que continua a dividir o Brasil e gerar debates acalorados sobre o papel da justiça na política do país.