PGR pede condenação de ex-integrantes da cúpula da PMDF por omissão no 8/1

LIGA DAS NOTÍCIAS

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a condenação de ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por omissão nos eventos do dia 8 de janeiro de 2023, quando atos extremistas culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. O parecer foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 14 de fevereiro de 2025, e além da condenação, Gonet também solicitou que os acusados perdessem seus cargos ou funções, caso estivessem ocupando-os no momento da análise.

Os ex-integrantes da cúpula da PMDF denunciados são o coronel Fábio Augusto Vieira, o coronel Klepter Rosa Gonçalves, o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, o coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, o major Flávio Silveira de Alencar e o tenente Rafael Pereira Martins. O procurador argumentou que esses militares, além de terem se omitido no dia do ataque, já estavam comprometidos com atitudes antidemocráticas desde eventos anteriores, como o de 12 de dezembro e 24 de dezembro de 2022, quando participaram da disseminação de conteúdos que incitavam a violência contra as instituições democráticas.


No parecer, Gonet afirmou que os réus voluntariamente aderiram ao movimento que buscava depor o governo legitimamente eleito, caracterizando sua omissão como uma violação grave dos deveres legais que incumbem aos membros das forças de segurança pública. Segundo ele, estava claro nos autos que os acusados não tomaram as providências necessárias para evitar o caos que se instaurou no país em 8 de janeiro, quando o prédio do Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos por manifestantes extremistas. A omissão em mobilizar o efetivo da PMDF, que teria sido essencial para conter a violência e proteger as instalações, é um dos pontos principais do pedido de condenação.


Os crimes atribuídos aos acusados são vários. Entre eles, está a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, caracterizando um golpe de Estado. Além disso, os militares foram acusados de dano qualificado à União, pela violência e grave ameaça aos bens públicos, deterioração de patrimônio tombado e violação dos deveres que lhes foram impostos, bem como do dever contratual de garantir a segurança do país e a ordem pública. A gravidade das acusações reflete a seriedade dos eventos de 8 de janeiro, que tiveram repercussões significativas tanto no Brasil quanto internacionalmente.


O caso agora aguarda o julgamento do STF, após a análise das alegações da Procuradoria-Geral da República e as defesas dos réus. A defesa do coronel Fábio Augusto Vieira, procurada pela CNN, afirmou que não fará manifestações sobre o assunto, enquanto a defesa do coronel Marcelo Casimiro indicou que ainda analisará o parecer da PGR. A CNN também tenta contato com os advogados dos outros militares citados, mas até o momento não obteve retorno.


A reação pública aos acontecimentos de 8 de janeiro e às investigações subsequentes tem sido de grande atenção. O episódio expôs falhas de segurança e questionamentos sobre a atuação das forças de segurança no país, além de levantar debates sobre a possibilidade de a ação de autoridades de diferentes esferas de poder ter contribuído para o agravamento dos danos causados durante o ataque às instituições democráticas.


A condenação dos envolvidos, caso seja confirmada, pode ter repercussões significativas para a PMDF e outras instituições de segurança pública, sinalizando que omissões de tal natureza não serão toleradas e que a responsabilidade por falhas no cumprimento da lei será cobrada de maneira rigorosa. O julgamento desse caso específico também pode abrir precedente para outras investigações que envolvam omissões ou falhas no combate a ataques antidemocráticos em diferentes partes do Brasil.


Este episódio também trouxe à tona discussões sobre o papel das forças armadas e das polícias no Brasil em tempos de crise política, particularmente no que se refere à sua atuação diante de ameaças à ordem democrática. A sociedade acompanha atentamente os desdobramentos desse processo, que pode ser decisivo para a definição do compromisso das instituições de segurança pública com a defesa da democracia no país.

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