O jornal O Estado de S. Paulo publicou um artigo nesta segunda-feira criticando a estratégia política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a publicação, o presidente tem se distanciado do papel de chefe de Estado para adotar uma postura de candidato em campanha, em um momento em que sua popularidade está em queda e a falta de uma agenda concreta para o governo se torna evidente. O texto, intitulado "À falta de governança, resta o ‘gogó’", argumenta que Lula tem percorrido o Brasil em uma série de viagens com o objetivo de reforçar sua presença no debate público e enfrentar diretamente seus opositores, especialmente fora das redes sociais, onde a direita tem um domínio mais consolidado.
A reportagem destaca que essa estratégia de movimentação intensa pelo país foi idealizada por Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação Social e responsável pela campanha vitoriosa de Lula em 2022. O plano inclui não apenas o presidente, mas também a primeira-dama Rosângela da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e diversos ministros, todos engajados em um esforço para criar proximidade com a população e fortalecer a imagem do governo. No entanto, de acordo com o Estadão, essa abordagem não tem sido suficiente para construir uma marca clara para a gestão atual. Ao contrário de seus primeiros mandatos, quando programas como o Bolsa Família foram amplamente reconhecidos como símbolos de sua administração, Lula agora enfrenta dificuldades para consolidar um legado concreto.
O artigo critica o fato de que Lula parece mais preocupado em moldar sua imagem política do que em exercer uma governança efetiva. A publicação sugere que a ênfase na retórica pode acabar desgastando o governo, pois a população continua enfrentando desafios econômicos e sociais sem que respostas concretas sejam apresentadas. Eventos como a reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, onde Lula esteve ao lado do prefeito Eduardo Paes, são citados como exemplos de ações que podem ser interpretadas como parte de uma campanha eleitoral antecipada. Embora o presidente evite pedir votos diretamente para não infringir a legislação eleitoral, o Estadão argumenta que a intenção por trás dessas aparições é clara: construir uma narrativa política favorável ao governo antes das eleições de 2026.
A análise também questiona a eficácia da estratégia de comunicação adotada pelo governo, afirmando que não há campanha publicitária capaz de ocultar a insatisfação dos brasileiros diante das dificuldades do dia a dia. A tentativa de criar uma percepção positiva por meio de discursos e propaganda pode acabar sendo contraproducente, pois a população espera soluções concretas para problemas urgentes como o desemprego, a inflação e a crise na saúde pública. O artigo sugere que, se o governo realmente estivesse focado na resolução desses problemas, os resultados apareceriam naturalmente, tornando desnecessário um esforço tão intenso de marketing político.
O Estadão alerta que a insistência de Lula em priorizar a exposição midiática em detrimento da governança pode comprometer seu futuro político. O jornal prevê que, se essa estratégia continuar, o governo chegará a 2026 desgastado por um discurso vazio e por promessas não cumpridas, o que pode fortalecer a oposição e tornar a disputa eleitoral ainda mais acirrada. Diante de um eleitorado cada vez mais crítico e exigente, a publicação sugere que a popularidade do presidente pode sofrer um declínio irreversível caso não haja mudanças significativas na condução do governo. Assim, a crítica final do artigo é de que Lula precisa definir prioridades reais para sua gestão, sob o risco de ver sua retórica perder efeito diante das dificuldades concretas enfrentadas pelos brasileiros.