Bolsonaro assumiu pessoalmente a articulação da proposta e iniciou uma série de negociações com partidos de centro e de direita, buscando apoio para a tramitação da Lei da Anistia. Entre os partidos com os quais o ex-presidente já dialogou estão o PSD e o União Brasil. Além disso, ele planeja conversas com outras siglas, como o PP, Republicanos, MDB e PSDB. A estratégia de Bolsonaro é garantir pelo menos o apoio inicial para iniciar a tramitação da proposta em comissão especial, algo que havia sido planejado anteriormente pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A proposta de anistia visa beneficiar aqueles que foram condenados a penas severas por sua participação nos atos de 8 de janeiro, que culminaram em ataques aos três Poderes em Brasília. Bolsonaro tem enfatizado, em suas conversas com líderes partidários, que a proposta não tem como objetivo beneficiá-lo diretamente, mas sim aliviar a situação de outros envolvidos. O ex-presidente tem reiterado que a anistia não o inclui, apesar das especulações sobre seu envolvimento nos eventos que precederam os ataques. A situação política, no entanto, é complexa. Se a proposta for aprovada, ela precisará da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, algo que é considerado improvável por muitos aliados do ex-presidente.
Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) considera que a proposta é inconstitucional, o que levanta dúvidas sobre a viabilidade da sua aprovação. A expectativa é que, nesta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente uma denúncia contra Bolsonaro, dentro do inquérito que investiga uma possível tentativa de golpe de Estado em 2022, que visava impedir a posse de Lula. Esse processo tem alimentado ainda mais a polarização política no país, com diferentes segmentos da sociedade se posicionando de forma contraditória a respeito da proposta de anistia.
No cenário atual, a articulação de Bolsonaro busca, ao menos, garantir que a proposta seja debatida no Congresso, embora muitos vejam a aprovação da medida como uma tarefa difícil. A reação da opinião pública e de instituições como o STF e o próprio governo Lula será fundamental para determinar os rumos dessa iniciativa. A aprovação da anistia, em meio a um ambiente de fortes tensões políticas, pode ter repercussões significativas para o futuro do ex-presidente e para a estabilidade do cenário político brasileiro.
Enquanto isso, o ex-presidente segue atuando nos bastidores, tentando alinhar interesses entre os partidos aliados. Embora o foco imediato esteja na tramitação da Lei da Anistia, outras questões, como a inelegibilidade de Bolsonaro e as investigações sobre os acontecimentos de 2022, continuam a ser temas de grande relevância no debate político atual. A possibilidade de uma nova denúncia contra Bolsonaro e o impacto que ela terá sobre sua imagem política são fatores que tornam o futuro do ex-presidente cada vez mais imprevisível.
O cenário também é complicado por conta do calendário eleitoral de 2026, que se aproxima rapidamente, aumentando a pressão sobre as estratégias de Bolsonaro e seus aliados. As movimentações políticas em torno da proposta de anistia têm implicações diretas para as futuras disputas eleitorais, com muitos acreditando que a decisão sobre essa questão poderá influenciar a formação de alianças e o posicionamento dos principais atores políticos do país. O desfecho desse processo, portanto, será determinante para o desenrolar da política brasileira nos próximos anos.