Sem surpresas, Selic deve subir para 13,25% no 1º Copom de 2025

Caio Tomahawk

Na próxima quarta-feira, 29 de janeiro de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizará sua primeira reunião do ano, e a expectativa do mercado financeiro é clara: a taxa Selic será elevada em 1 ponto percentual, alcançando 13,25% ao ano. Essa decisão, que vem sendo antecipada por agentes econômicos, não deve trazer grandes surpresas, uma vez que está em linha com a sinalização dada pelo Banco Central em dezembro de 2024.

A principal justificativa para o aumento da taxa básica de juros é o controle da inflação, que segue sendo uma preocupação central das autoridades monetárias. Apesar dos esforços anteriores do Banco Central para combater a inflação, os índices de preços continuam acima das metas estabelecidas pelo governo. A alta da Selic tem sido considerada uma ferramenta importante para reduzir a pressão inflacionária, especialmente quando se leva em conta a persistência dos custos mais elevados em diversos setores da economia.

A expectativa de alta da Selic foi confirmada por um levantamento feito pelo Poder360, que consultou oito agentes do mercado financeiro. Todos os participantes concordaram que o Copom deve seguir a orientação de dezembro, quando a autoridade monetária indicou que o ciclo de aperto monetário ainda não havia chegado ao fim. A decisão de elevar os juros é vista como uma continuidade da estratégia adotada no ano passado, que visou garantir que a inflação convergisse para os limites estabelecidos pelo governo para os próximos anos.

O movimento de alta dos juros ocorre em um momento de recuperação econômica, que, embora positiva em termos de crescimento do PIB, ainda não é suficiente para afastar completamente os riscos inflacionários. O Brasil tem enfrentado desafios estruturais, como a pressão sobre os preços de alimentos e combustíveis, além das flutuações cambiais que impactam os custos de importação. Essas variáveis tornam o controle da inflação um desafio constante, e a política monetária rígida tem sido a resposta do Banco Central até o momento.

Em 2024, a inflação, embora tenha mostrado sinais de desaceleração em comparação aos anos anteriores, ainda superou as metas do governo. Em parte, isso ocorreu devido à persistência de alguns fatores externos, como o aumento nos preços das commodities no mercado internacional e a volatilidade das cadeias produtivas globais. Por isso, o Copom deve continuar com sua postura cautelosa, focando em garantir que a inflação não se descontrole no médio prazo.

No entanto, a elevação da Selic pode ter efeitos colaterais no crescimento da economia. O aumento nos juros encarece o crédito, o que pode desestimular investimentos e reduzir o consumo das famílias, especialmente em setores mais dependentes de financiamento, como o imobiliário e o automotivo. Esse cenário preocupa alguns economistas, que alertam para o risco de um enfraquecimento mais acentuado da atividade econômica, caso o Banco Central mantenha o aperto monetário por um período prolongado.

Por outro lado, há quem defenda que a manutenção de juros altos é uma medida necessária para assegurar a estabilidade da economia brasileira no médio e longo prazo. Para esses analistas, o risco de uma inflação persistente e descontrolada seria mais prejudicial do que um eventual impacto no crescimento econômico de curto prazo. Em sua avaliação, uma inflação elevada prejudica principalmente os mais pobres, que têm uma maior proporção de sua renda destinada ao consumo de produtos essenciais, cujos preços são os mais afetados por pressões inflacionárias.

O Copom, ao tomar suas decisões, leva em consideração não apenas os dados de inflação, mas também as projeções para o futuro. A visão do Banco Central é de que a recuperação econômica ainda está em um estágio frágil, e que a inflação precisa ser controlada de forma assertiva para evitar o desgaste da moeda e a perda de poder aquisitivo da população. Nesse sentido, a alta da Selic deve ser vista como uma medida necessária para consolidar a estabilidade financeira do país.

Com a decisão de janeiro, o Banco Central sinaliza que o ciclo de juros altos poderá continuar, dependendo da evolução da inflação e da atividade econômica ao longo de 2025. Para os próximos meses, as atenções estarão voltadas para os números da inflação, que deverão determinar o ritmo da política monetária no restante do ano. O mercado seguirá monitorando de perto os dados econômicos, e qualquer alteração nas expectativas poderá provocar ajustes nas projeções de juros. A pressão sobre o Copom será constante, à medida que os agentes econômicos buscam entender qual será a postura do Banco Central diante de um cenário ainda volátil.

Em suma, a reunião do Copom da próxima quarta-feira será um marco importante para o ano de 2025. A decisão de elevar a Selic para 13,25% ao ano reflete um consenso no mercado de que a inflação precisa ser combatida de maneira firme, ainda que isso implique em um crescimento econômico mais moderado. A expectativa é de que o Banco Central mantenha uma postura cautelosa, com o objetivo de garantir a estabilidade financeira e a confiança do mercado.

#buttons=(Accept !) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Check Now
Accept !