Bolsonaro classificou a decisão como uma perseguição política e afirmou que sua ausência no evento é motivo de grande constrangimento pessoal e político. Ele destacou que havia planejado encontros com chefes de Estado durante a cerimônia, mas lamentou não poder comparecer. “Eu sou um preso político no Brasil, apesar de andar sem tornozeleira eletrônica. Espero que o ministro não decida colocá-la em mim para me humilhar ainda mais”, disse o ex-presidente, reafirmando sua insatisfação com a decisão judicial que, segundo ele, limita sua atuação política.
Michelle Bolsonaro, antes do embarque, também fez declarações em tom crítico, defendendo o marido e afirmando que “eles têm medo dele”. Representando o ex-presidente no evento, a ex-primeira-dama assumirá o papel de interlocutora entre os conservadores brasileiros e aliados internacionais, como Trump. Bolsonaro enfatizou a importância da presença de Michelle, afirmando que sua ausência não é apenas uma questão pessoal, mas reflete a exclusão de milhões de brasileiros que ele afirma representar.
“Eu não sou apenas Jair Bolsonaro, sou o representante de 58 milhões de pessoas. Minha presença nos Estados Unidos seria uma demonstração de força da direita conservadora brasileira, especialmente diante de um momento político tão delicado no Brasil”, declarou o ex-presidente. Ele ainda afirmou que Donald Trump está ciente das dificuldades que enfrenta e que o apoio do ex-presidente norte-americano pode ser crucial para fortalecer a democracia no Brasil.
A decisão que impede Bolsonaro de viajar faz parte de uma série de medidas cautelares impostas no âmbito de investigações contra ele. Atualmente, o ex-presidente enfrenta três processos distintos, que incluem acusações relacionadas à condução de atos antidemocráticos e outros crimes durante seu mandato. A negativa do STF ao pedido de liberação do passaporte foi justificada pelo risco de fuga, levando em conta a gravidade das acusações.
Apesar das limitações, Bolsonaro continua a ser uma figura central na política nacional. Como presidente de honra do Partido Liberal (PL), ele mantém diálogo próximo com lideranças conservadoras e busca se consolidar como uma força de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O atual governo também tem sido alvo de críticas por parte de Bolsonaro, que acusa a gestão petista de implementar políticas que ele considera prejudiciais à economia e à liberdade individual.
A posse de Donald Trump nos Estados Unidos representa um momento simbólico para o ex-presidente brasileiro. Bolsonaro e Trump compartilham uma agenda política alinhada, marcada por posturas nacionalistas e conservadoras. A relação entre os dois foi reforçada durante os mandatos de ambos, com Bolsonaro frequentemente se referindo a Trump como uma inspiração para sua própria atuação política.
Nos Estados Unidos, Michelle Bolsonaro deverá participar de reuniões e eventos em nome do marido, fortalecendo os laços entre os movimentos conservadores brasileiros e internacionais. A ex-primeira-dama, que ganhou destaque durante a campanha presidencial de Bolsonaro, tem se posicionado como uma figura influente dentro do PL e em iniciativas ligadas à pauta conservadora.
Enquanto isso, no Brasil, o cenário político continua tenso. A oposição ao governo Lula, liderada por Bolsonaro e seus aliados, tem se intensificado, especialmente em temas econômicos. Recentes pesquisas apontam que a maioria dos brasileiros acredita que os preços subiram desde o início do atual governo, alimentando críticas à gestão petista.
A ausência de Bolsonaro na posse de Trump pode ser vista como uma oportunidade perdida para o ex-presidente reforçar sua relevância internacional. No entanto, sua estratégia de resistência política parece continuar firme, mesmo com as adversidades. “Lamento profundamente não estar lá, mas seguirei lutando pelos valores que defendo e pelas pessoas que acreditam no meu trabalho”, concluiu Bolsonaro antes de se despedir de Michelle no aeroporto.
O desdobramento desse evento reflete não apenas a conjuntura política nacional, mas também o impacto das relações internacionais na agenda conservadora liderada por Bolsonaro. Enquanto Michelle embarca rumo aos Estados Unidos, o ex-presidente permanece no Brasil, determinado a consolidar sua posição como um dos principais líderes da oposição.